Há alguns dias, lendo um livro em que havia vários personagens negres, comecei a pensar sobre representação e representatividade - e como essas duas coisas estão presentes no nosso dia a dia, necessitando de um debate e reflexão profunda.

 Afinal, o que é representação e representatividade? E qual a diferença entre ambos?

 Segundo uma das definições do dicionário, representação é “ideia ou imagem que concebemos do mundo ou de alguma coisa.” Ou seja, a representação de algo está diretamente ligada a imagem que temos dela; e levando em conta que a maioria das representações na mídia são de acordo com a visão da ideologia e/ou grupos dominantes, temos aí um problema. É aqui que entram os arquétipos: "o modelo que se utiliza como exemplo para; padrão", segundo o dicionário. Para C. G. Jung, psicanalista e psicoterapeuta, esse conteúdo imagístico e simbólico é compartilhado por toda a humanidade. Temos como exemplo, o da negra mulata - mas isso é assunto para outro post.


 Já representatividade, segundo uma das definições, é “Qualidade de uma amostra constituída de modo a corresponder à população no seio da qual ela é escolhida.” Basicamente, nesse caso a representatividade demanda camadas, dimensões e uma profundidade diferente. É quando, por exemplo, um personagem negro em um livro ou série tem seus sonhos, medos, um desenvolvimento psicológico que vai além da necessidade da narrativa ou outras circunstâncias.


 Dito isso, devemos sempre questionar as representações que vemos nas obras midiáticas e culturais, caso tenham como origem a visão dominante do grupo social em questão, visão essa que pode distorcer completamente a realidade. Um exemplo disso é o blackface, uma representação do negro de forma caricata, obviamente do ponto de vista do grupo dominante - os brancos.




 E devemos também questionar a representatividade, e exigir ela! De que serve ter “representatividade” de pessoas LGBTQIA+, negras e outros grupos sociais, se essa representatividade tem papel performativo, sem a profundidade e a autonomia que tais papéis demandam? 


 Por isso, devemos sempre cobrar uma representação fidedigna e uma representatividade além da performance; e, claro, ler obras diversas. Afinal, qual a melhor forma de saber a verdade e a luta de negres, pessoas LGBTQIA+, mulheres e etc., se não lendo diretamente suas palavras e suas experiências?

 Vamos conversar sobre isso! Comenta aqui embaixo o que acha sobre o assunto.


Fontes:

- Dicionário de Língua Portuguesa

- Representação e Representatividade Afroliterária

- Representatividade Politize

- Arquétipos e Caricaturas do Negro no Cinema Brasileiro Geledes


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