“Aqui o ódio fervilha e o amor lampeja./ Amor briguento, ah, ódio enamorado! / Ah, Tudo, que do Nada foi criado! / Sérias vaidades, lúgubres levezas. / Oh, deformado caos de formas belas, / Pluma de chumbo, labareda fria, / Saúde enferma, escuridão que brilha, / Sonâmbulo desperto, um ser não sendo… / - Não amo amar, mas amo e vou sofrendo.”

(Ato I, cena I)


Tragédia

substantivo feminino

Gênero dramático que trata das ações e dos problemas humanos de natureza grave, geralmente termina com personagem principal morto ou sem seus entes queridos.


Comédia

substantivo feminino

Peça teatral cujo objetivo é entreter ou divertir, normalmente através da abordagem cômica das situações, dos hábitos e de seus participantes ou personagens.


 Como definir Romeu e Julieta, senão sendo por meio dos meus sentimentos? Essa peça, tão consagrada e atemporal, é uma tragicomédia - definição minha, já que normalmente definem ela por tragédia, mas o humor perspicaz de Shakespeare não poderia passar despercebido por mim.


 Nessa obra, o amor entre duas pessoas das famílias rivais Montéquio e Capuleto, na antiga cidade de Verona, é destruidor - tanto para eles, quanto para o enredo. Mas não se enganem! Romeu e Julieta não é só sobre a paixão fervorosa entre dois jovens taciturnos e assolados pelas expectativas de suas respectivas famílias, mas também é sobre a brevidade da vida, e tudo entre o nascimento e a morte. Nessa trama, não há “bem” e “mal”, pois esses rótulos são demasiados simples para descrever a natureza humana de cada personagem, que por meio da escrita envolvente de Shakespeare, tornam-se quase que palpáveis. Nas palavras do escritor da introdução (edição da Penguin), Adrian Poole, “Nos versos de Shakespeare, a voz dos personagens eleva-se  de seus corpos, encontrando expressão natural em imagens que voam, disparam, pairam e flutuam, nas ‘asas leves do Cupido’[...]” O poeta brincava com a linguagem de forma que a nossa interpretação sempre paira no limiar entre a sexualidade e a paixão de fato.


 Apesar do forte teor sensual que a obra carrega, e da paixão arrebatadora, tudo isso vem acompanhado do sentimento que os jovens apaixonados são apenas humanos, demasiadamente humanos. É o equilíbrio perfeito entre o fervor de se entregar, e a vulnerabilidade presente no amor e na entrega ao outro.


 “Apesar de bravos esforços em demonstrar que os jovens foram justamente punidos por se entregarem à paixão, ludibriando os pais, a conclusão mais natural é de que eles sejam apenas ‘pouco responsáveis’ pela catástrofe, e não propriamente culpados [...]. E qual força, de fato, os destrói? Será uma fatalidade grandiosa e invencível, do tipo que associamos aos deuses gregos, uma inevitabilidade mítica ou psicológica ou natural? Ou será apenas uma sequência de acidentes azarados, uma briga de rua que acaba mal, uma carta que se extravia - tudo uma questão de acaso e coincidência? Destino ou casualidade?”

(Introdução de Adrian Poole, pág. 45)


 Romeu e Julieta é uma obra rica em significados e interpretações, ganhando o seu caráter eterno entre os clássicos por representar tão bem a paixão e a morte, e acima de tudo isso, a brevidade da vida. Eu indico ele para todos apaixonados por clássicos, por amores fadados ao fracasso, pela beleza na tragédia. É incrível.

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