“Nós, mulheres, trabalhamos em segredo, na reclusão do nosso quarto, porque a sociedade inteira foi construída com base na teoria de que os homens, não as mulheres, ganham dinheiro e de que apenas eles sustentam a família [...]. Eu não acredito que tenha existido uma só comunidade em que a alma de algumas mulheres não tenha batido suas asas em sinal de rebeldia. Intimamente, posso afirmar que cada fibra de meu ser se revolta, ainda que em silêncio, por todas as horas que eu passo sentada, costurando luvas por uma miséria que, assim que é paga, já não me pertence. Eu queria trabalhar, mas queria escolher meu serviço e receber meus pagamentos. Era uma forma de rebeldia contra a vida em que nasci.”

- Charlotte Woodward


Charlotte Woodward era uma mulher que trabalhava em casa fazendo luvas, função ainda não industrializada; por lei, quem controlava seus pagamentos eram os homens da família. Ela compareceu à Convenção de Seneca Falls pelos direitos das mulheres, em busca de conselhos sobre como melhorar sua vida de trabalhadora.


 Naquela época, infelizmente, a Declaração de Seneca Falls propunha analisar a condição feminina na sociedade, porém ainda de um ponto de vista majoritariamente focado nas mulheres brancas de classe média ou da burguesia emergente - a declaração não abordava as condições das mulheres brancas de classe trabalhadora.


 A citação que hoje é o foco desse post advém de uma rebeldia corajosa e forte. Quando a li, me arrepiei completamente, e não poderia deixar de postá-la para que vocês conhecessem e sentissem o poder dela comigo. As mulheres da classe trabalhadora foram essenciais para a luta operária nos Estados Unidos, tornando-se líderes na mesma, por isso achei interessante trazer esse relato.


 Mulheres, Raça e Classe da Angela Davis foi o livro em que tive o contato com essa citação, que decidi compartilhar com vocês hoje.

 O que vocês acharam? Já haviam lido essa citação antes, ou conheciam a Charlotte?


Fonte: Mulheres, Raça e Classe, por Angela Davis.



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