Frankenstein, Mary Shelley - Resenha
“Nem mesmo em meu próprio coração eu conseguia expressar as minhas sensações, que pesavam como uma montanha sobre os meus ombros, e esse peso excessivo destruía minha agonia.”
(p. 156/157)
Victor Frankenstein sempre fora alguém dedicado ao conhecimento e ao estudo de filosofia e ciências naturais. Porém ao conseguir dar vida a um ser monstruoso, ele se vê preso em uma perseguição trágica.
Um dos maiores clássicos da ficção científica e do terror, Frankenstein é uma obra de tirar o fôlego. Com uma linguagem poética e angustiante, vamos conhecendo cada pormenor da personalidade do Victor e do Monstro que ele criou - ou seriam os humanos os monstros, nessa história?
A narração da história do Monstro mostra uma nuance humana que poucos autores (até hoje) tem a coragem de mostrar: de como o ser humano é falho, egoísta, e chama de aberração aquilo que foge das normas. Mary Shelley teve uma grande perícia ao fazer isso, transformando o livro em algo que chega a ser sufocante de ler, dado às barbáries que tanto o Monstro quanto o Victor cometem.
“Embora eu almejasse o amor e companheirismo, ainda assim era desprezado. Não havia injustiça nisso? Somente eu devo ser considerado criminoso quando toda a humanidade pecava contra mim?”
(p. 239)
Em diversos momentos do livro, senti-me dividida, assim como me senti ao ler Morro dos Ventos Uivantes. O motivo é simples: não há personagens bons ou ruins, amáveis ou odiáveis, heróis ou vilões. Há apenas personagens humanos (até certo ponto) que cometem erros mesquinhos, mas também sofrem e se arrependem. Em diversos momentos do livro, eu me peguei sentindo empatia tanto pelo Monstro quanto pelo Victor, e em outros, odiando ambos e condenando suas ações. Para mim, a beleza da obra está aí: a ambivalência, a intensidade mais-que-humana. A beleza do sofrimento enquanto condutor narrativo. É de tirar o fôlego.
“Eu era um pobre desgraçado, desamparado, infeliz, que não sabia e nem poderia entender nada. Então, sentindo a dor me invadir por todos os lados, sentei e chorei.”
(p.108)
Essa foi uma leitura que sei que carregarei comigo. Toda a intensidade, a beleza do trágico… nada disso será esquecido por mim, enquanto leitora e enquanto pessoa.
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