“A violência é o último refúgio do incompetente.”


 Em uma humanidade distante de nós por milhares de anos, o cientista Hari Seldon prevê a queda do grande Império Galáctico - intacto há séculos e supostamente invencível - e a perda de todo o conhecimento acumulado durante todo esse tempo. Para remediar a barbárie que virá e se estenderá durante 30 mil anos após a queda inevitável do império, ele cria a Fundação, com o objetivo de fazer uma grande enciclopédia com todos os conhecimentos da humanidade. Com cientistas isolados na periferia da galáxia, Hari Seldon prevera tudo: os movimentos de massa, ascenção e queda de diversos governos. Porém, ele não poderia prever as ações individuais, que mudam o rumo de tudo.

 A escrita, de início, me foi estranha por ser diferente das quais estou acostumada; porém depois de algumas páginas, já havia me acostumado. O Asimov tem um jeito muito único de conduzir a história, com intervalos de anos entre alguns capítulos e personagens únicos que logo se tornam passado, tornando impossível prever o que irá acontecer.

 O que mais me encantou e me deixou hipnotizada nessa leitura foram os jogos de política e a maestria de Asimov ao retratá-los. Foi como se ele nos conduzisse em uma dança entre a política, o mercado, a religião e a ciência… bastava um passo para transpor os limites, o que só nos mostra como tais linhas entre eles são tênues. Esses conceitos se alternam entre os três livros para ditar os rumos da Fundação e da galáxia por meio da manipulação do povo - e nesse momento, concluo que a Fundação é um incrível ensaio sobre a história da humanidade, ainda mais quando inspirado na ascensão e queda do Império Romano.



 Sobre o primeiro livro, Fundação, creio que esse foi mais introdutório. Por mais que já tenha muitos desdobramentos e intrigas, foi um livro que achei mais ok - apesar disso, não o considero menos incrível que os outros, tanto que o avaliei com 5 estrelas. 

 Já o segundo livro, Fundação e Império, foi o meu favorito da trilogia. Neste, temos pessoas contrariando a supremacia da Fundação que se estabeleceu e ameaças novas e extremamente pungentes à ela. Com isso, há também um ritmo de frenesi, curiosidade, imprevisibilidade. Aliás, foi isso o que mais me admirou no livro: sua imprevisibilidade. Por mais que eu tenha descoberto uma coisa ou outra ao decorrer do livro, as últimas dez páginas me deixaram de boca aberta - terminei o livro de olhos arregalados e em choque. Além disso, esse livro foi mais fácil de acompanhar, já que não teve tantos intervalos grandes de tempo entre os capítulos como o primeiro.

 O terceiro livro fecha essa trilogia de uma forma inesperada (para variar). Com uma caça à uma suposta Segunda Fundação acontecendo, entramos nesse frenesi de cabeça e sem previsão de quando sairemos. Tudo o que foi estabelecido nos últimos livros parece estar ruindo, desmanchando-se a olho nu, e mais uma vez não há como prever o que poderá acontecer. E novamente, apenas nas últimas páginas entendemos o que está acontecendo, algo que ao mesmo tempo que é frustrante, é também impressionante. Nesse livro há poucos intervalos grandes de tempo entre os capítulos também, portanto é melhor para acompanhar. Além disso, sinto que a escrita do Asimov mudou muito e amadureceu nesse livro, já que a narrativa ocorre de forma notoriamente diferenciada.

 Creio que o Asimov foi um dos escritores mais geniais e criativos do nosso tempo. O universo que ele criou, mesmo que baseado na história da (nossa) humanidade, é impressionantemente desenvolvido e construído de forma que tudo tenha seu papel e nada descrito seja em vão. Ele tinha uma desenvoltura para narrar fatos históricos que veio a se tornar única, pelo menos em minha perspectiva de leitora. É aquele tipo de autor que deve ter sua obra lida por todos, pelo menos em um momento da sua vida.


Sobre o Autor

Isaac Asimov foi um escritor e bioquímico norte-americano, nascido na Rússia, autor de obras de ficção científica e divulgação científica. Asimov é considerado um dos mestres da Ficção Científica e, junto com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, foi considerado um dos "três grandes" da ficção científica.





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